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quinta-feira, 14 de junho de 2007

Sobre a Qualidade e o Preço - Continuação

Para ler a primeira parte deste artigo, clique aqui.

Vimos rapidamente alguns dos fatores que determinam os custos de produção do vinho, mas antes que o precioso líquido chegue às mãos dos consumidores, há ainda uma série de etapas a serem vencidas.

Antes de tudo, embalagem:
  • Beleza não põe mesa, mas as garrafas mais bonitas com rótulos charmosos e elegantes sem dúvida são convidativas e atraentes. Mas têm um custo.

  • Embora muitas pessoas digam não ligar para embalagem, há fatores objetivos relacionados à ela:

  • Garrafas mais pesadas, de vidro grosso e resistente, dos vinhos de mais alta qualidade, não são simplesmente objetos fetichistas para exibir poder e status: garantem uma proteção eficiente a um vinho que tem potencialmente muitos anos de vida - e um custo elevado demais para se arriscar a quebrar por qualquer coisa.

  • As meias-garrafas, tão úteis para muitos, mas incompreendidas por quase todos, normalmente custam 70% - e não 50% - do valor total de uma garrafa. Os custos de insumos secos, como garrafa, rolha, rótulo, são os mesmos dos para garrafas de 750 ml. Os de mão-de-obra, transporte, taxas alfandegárias, também. Pior: muitas vezes, taxas são acrescidas em função do valor reduzido do produto líquido...
Em seguida, o frete. Muitos dos vinhos que consumimos fazem uma "discreta" viagem até o nosso país. Europa, Austrália, África do Sul...
  • O Chile, que muitos pensam ser vizinho, está na verdade a uma distância de entrega considerável: os vinhos navegam pelo Pacífico até fazerem a volta pelo sul, chegando até nós pelo Atlântico.

  • Trazer vinhos dos Estados Unidos custa mais caro que trazê-los da Europa!

  • A Argentina poderia ser o que se salva, pois está muito próxima geograficamente e recebe um descontinho nos preços por conta do Mercosul, o que nos leva a tratar dos impostos:
que talvez sejam o ponto de maior impacto para o mercado.

Muitos apreciadores, quando têm a possibilidade de fazer uma viagem a um país produtor, se dão conta da IMENSA diferença de preços de lá para cá. Muitas vezes um vinho pode ser comprado com diferenças de até 300%!!!

O que a maioria não sabe é que, antes de pagar ao produtor, um importador no Brasil tem de pagar - além do frete - ao governo.
Fato é que, assim que o vinho entra no porto, o importador tem que pagar à vista, em dinheiro, transferência imediata, pegou-pagou, o equivalente a 115% do valor daquele carregamento!
E, com "valor do carregamento", quero dizer TODO o custo que esteja declarado, somando-se o frete e quaisquer taxas que tenham sido embutidas na nota (vocês não acham que o governo do país de origem ia perder uma boquinha dessas também, não é?).
Não se esqueçam de considerar as diferenças tributárias internas (Minas Gerais e sua famosa "Substituição Tributária") e das distâncias e condições de frete ao reclamar também das diferenças de preço entre os estados!

Comecem a fazer uns cálculos simples e verão que, até que o vinho possa chegar às mãos do consumidor, não há muitas formas de conter os preços com relação ao valor original. Por outro lado, sabendo de que forma se constrói o preço, não somente valorizamos a garrafa que estamos adquirindo como podemos procurar nos proteger de eventuais abusos que o mercado impõe.


2 comentários:

Anônimo disse...

E o que você me diz sobre a qualidade e o preço dos vinhos brasileiros? Será que eles não deveriam custar menos do que custam?

Beda disse...

Correndo o risco de ser leviano e certamente sendo muito simplista, SIM, eu acho que SEM DÚVIDA eles deveriam custar menos. A indústria do vinho no Brasil não é exatamente favorecida pelos impostos e custos administrativos que o país impõe (assim como todas as outras indústrias, imagino) e muito da parafernália utilizada na produção (equipamentos, garrafas, rolhas, clones de videiras), para não dizer tudo, vem de fora, aumentando em muito o custo. De qualquer maneira, me parece absurdo que um produto nacional possa custar tão mais caro ou o mesmo preço que produtos que viajam desde o outro lado do Atlântico... Sobre a qualidade, cada um tem sua opinião... eu ainda não vi grandes coisas, mas já vi coisas pelo menos aceitáveis.


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Peripécias Palacescas de um Quase by Bernardo Silveira is licensed under a Creative Commons 2.5 Brasil License.
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