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quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Vinho e Umidade

Leia a introdução deste artigo em "Matt Kramer e o Armazenamento de Vinhos"

Normalmente se diz que uma adega adequada deve reter uma certa umidade (a quantidade varia, mas normalmente fala-se de cerca de 70%). A explicação habitual é que a umidade ajuda a rolha a conservar-se intumescida e a isolar o vinho.

Kramer ressalta que, em boa parte, o mito da umidade das adegas provém do estereótipo das tradicionais adegas européias (em especial inglesas e francesas) naturalmente muito úmidas e seguramente muito eficientes para o amadurecimento de vinhos.

Em uma época em que os vinhos eram engarrafados nas próprias casas, vendidos em barris mesmo para "clientes finais", a umidade pode ter cumprido um papel muito importante: ajudar a manter as tábuas das barricas (muito absorventes) úmidas e, portanto, bastante juntas e firmes dentro dos anéis.

Atualmente a quase totalidade do vinho é vendido ao consumidor final já engarrafado, cuidadosamente isolado do externo pelo vidro da garrafa e pela rolha de cortiça. A cortiça é utilizada para produzir a rolha justamente por sua capacidade de se aderir às paredes do gargalo e de retornar ao seu formato original após grande compressão, não permitindo a passagem de coisa alguma.

Me parece um tanto óbvio que, se a cortiça pudesse absorver umidade significativamente, a mesma não poderia ser utilizada para isolar vinho, não? Com mais ou menos tempo, a mesma iria absorver quantidades significativas de vinho(!), coisa que não acontece e é facilmente observável: basta corta a ponta da rolha em contato com o vinho e verificar até onde houve absorção de líquido.

Além disto, é fácil notar que as cápsulas de fechamento das garrafas, produzidas atualmente com alumínio ou plástico, são plenamente impermeáveis e, normalmente, possuem no máximo dois furinhos por cima, dificultando ainda mais o acesso à umidade (não vamos nem falar das garrafas seladas com cera - costume bastante difundido antigamente).

Daí que também outro mito da armazenagem fica em xeque: Se a rolha não necessita da umidade para se manter intacta, manter as garrafas deitadas serve para que? Um estudo inglês, de Long Ashton, constatou que, em dois anos de armazenamento, não houve diferenças significativas entre garrafas mantidas de pé ou deitadas - com a exceção de que as de pé se tornaram mais difíceis de se abrir.

"Infernot", uma adega escavada no Piemonte, na região do Barolo, uma das regiões em que as garrafas são tradicionalmente acondicionadas em pé.


Laureano Gomez, enólogo das Bodegas Salentein, observa, porém, que "manter as garrafas deitadas nos permite perceber se houver vazamento de vinho", um indicador de que, talvez, também possa ter havido entrada de ar na garrafa, comprometendo a saúde do precioso líquido.

Nos próximos artigos, veremos os outros itens-chave do armazenamento colocados em foco por Kramer para que cada um possa decidir o que considera a melhor forma de armazenar os próprios vinhos.

Matt Kramer e O Armazenamento de Vinhos

Segundo Matt Kramer (na foto ao lado), escritor e colunista da Wine Spectator, o vinho que cabe no seu bolso é aquele que você pode comprar em caixa de 12 e abrir as garrafas em períodos regulares de tempo para observar as mudanças no vinho. Ao término da caixa, você acaba por conhecer intimamente aquele vinho!

Seria ótimo se todos pudéssemos ter "caixas de 12" em número suficiente para beber diferentes vinhos e ainda tornarnos íntimos deles, mas o grande desafio está em encontrar o equilíbrio entre o que queremos e o que podemos, de fato, pagar.

Independente de quanto e como bebemos, uma das questões mais tratadas (ou mal-tratadas) do mundo do vinho é o quando, que depende do armazenamento do vinho. No mesmo livro em que avalia nossa relação bolso/vinho, Kramer faz uma interessante análise da quantidade de informações deturpadas, desatualizadas e mal-aplicadas que são veiculadas sobre a estocagem de vinho.

"As adegas: você está pronto para a realidade?"
Com este título, um inteiro capítulo dedica-se a desmanchar uma série de "lendas" do vinho. Garrafas deitadas para manter a rolha úmida? Luz de velas para entrar em uma adega subterrânea? A temperatura não pode variar?

Quantas são as regras comumente veiculadas pela mídia, pelos especialistas e pelos chatos de plantão? Sem dúvida elas não existem sem fundamento, mas algumas análises de importantes laboratórios científicos mostraram que a maioria delas simplesmente parou no tempo...

De acordo com Kramer, os estudos mais importantes e conclusivos foram elaborados pelo Dr. Vernon L. Singleton, na Universidade de Davis, na Califórnia; no Centro de Pesquisas de Long Ashton, em Londres; e na Universidade de Bordeaux, pelo Professor Ribereau-Gayon.

Seguindo o roteiro do capítulo, vejamos algumas das mais famosas regras da adegagem questionadas pelos pesquisadores (e pela lógica):

Vinho e Umidade
Vinho e Movimento

próximos temas:

Vinho e Calor
Vinho e Luz


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