Lawrence Osborne, no livro “O Connaisseur Acidental”, preocupa-se, desde o início, em descobrir se é ele quem trai seu próprio gosto ou se é seu gosto quem o trai. O dilema é autêntico: o autor, como eu mesmo, duvida das próprias opiniões.
Talvez a maioria de nós, com um segundo de reflexão sobre seu próprio paladar e opniões estéticas, possa chegar à mesma bifurcação: uma certeza de que gosta do que gosta e uma dúvida aguda sobre o próprio gosto.
Afinal, o gosto o que é?
1. Fisiologicamente: é uma propriedade perceptível pelo corpo através das papilas gustativas, pequenas formações na superfície da língua e da mucosa bucal que captam os diferentes estímulos de acordo com o tipo de célula sensorial que a papila possui.
Os gostos propriamente ditos são somente cinco: doce, amargo, salgado, azedo e umami, aos quais correspondem em nossas bocas células específicas.
2. O gosto é definido no dicionário também como:
- prazer;
- agrado;
- satisfação;
- vontade
- simpatia
- elegância
- maneira
- critério artístico
Portanto, o aspecto cultural do gosto é um tantinho só mais complexo: o que para uns é o ideal, para outros é exatamente o avesso. O que agrada em uma época, em outra causa asco e repúdio. Olha só:
Hmm, que modelito, hein? Ideal para... hm... para...
bem, como diz a máxima latina, De gustibus non disputandum est ou, em bom português, gosto não se discute.
O que isso nos diz sobre o gosto do vinho?
A grande discussão no mundo do vinho hoje (se nos esquecermos de pequenezas como tampas de rosca e rolhas de plástico) é justamente o GOSTO.
Novo Mundo x Velho Mundo, Homem x Terroir, são debates que refletem o que o enófilo quer encontrar no vinho, mais do que o processo em si.
Para ler a segunda parte, clique aqui.
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