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terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

De Gustibus Non Disputandum Est

Lawrence Osborne, no livro “O Connaisseur Acidental”, preocupa-se, desde o início, em descobrir se é ele quem trai seu próprio gosto ou se é seu gosto quem o trai. O dilema é autêntico: o autor, como eu mesmo, duvida das próprias opiniões.

Talvez a maioria de nós, com um segundo de reflexão sobre seu próprio paladar e opniões estéticas, possa chegar à mesma bifurcação: uma certeza de que gosta do que gosta e uma dúvida aguda sobre o próprio gosto.

Afinal, o gosto o que é?

1. Fisiologicamente: é uma propriedade perceptível pelo corpo através das papilas gustativas, pequenas formações na superfície da língua e da mucosa bucal que captam os diferentes estímulos de acordo com o tipo de célula sensorial que a papila possui.
Os gostos propriamente ditos são somente cinco: doce, amargo, salgado, azedo e umami, aos quais correspondem em nossas bocas células específicas.

2. O gosto é definido no dicionário também como:

  • prazer;
  • agrado;
  • satisfação;
  • vontade
  • simpatia
  • elegância
  • maneira
  • critério artístico

Portanto, o aspecto cultural do gosto é um tantinho só mais complexo: o que para uns é o ideal, para outros é exatamente o avesso. O que agrada em uma época, em outra causa asco e repúdio. Olha só:

Hmm, que modelito, hein? Ideal para... hm... para...
bem, como diz a máxima latina, De gustibus non disputandum est ou, em bom português, gosto não se discute.

O que isso nos diz sobre o gosto do vinho?

A grande discussão no mundo do vinho hoje (se nos esquecermos de pequenezas como tampas de rosca e rolhas de plástico) é justamente o GOSTO.
Novo Mundo x Velho Mundo, Homem x Terroir, são debates que refletem o que o enófilo quer encontrar no vinho, mais do que o processo em si.

CONTINUA...

Para ler a segunda parte, clique aqui.
Leia mais peripécias em Vinho e Sexualidade

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Sobre Bares de Vinho

O blog Vinography, recentemente premiado na França como melhor wineblog internacional, soltou mais uma muito boa. Seu autor, Alder Yarrow, elaborou uma interessante análise sobre os Bares de Vinhos que estão pipocando para todo lado.
Não posso negar que toda essa propaganda aqui nas Peripécias se deva ao tanto que me identifiquei com o que ele pensa, em especial considerando o bar de vinhos Outono 81, em Belo Horizonte, que carreguei no colo com os proprietários...

Seguem os pontos mais importantes, mas você pode clicar aqui para ler na íntegra em inglês.

"Talvez você já tenha vivido isto também: entrar no recentemente inaugurado "Bistrô e Wine Bar" num bairro agradável somente para descobrir que é na verdade só um restaurante (às vezes inclusive com total ausência do móvel a que "Bar" geralmente se refere) e que serve vinho em (normalmente excessivamente cheia e impossível de girar) taça. Eu muitas vezes acho que tais estabelecimentos, mesmo aqueles em que se econtra um balcão onde se sentar, não somente não se parecem em absoluto no serviço ou na oferta de opções com o que eu penso ser um wine bar, como freqüentemente possuem cartas que são piores do que as da maioria dos restaurantes (...)

O QUE TORNA UM BAR DE VINHOS UM BAR DE VINHOS?


No fim, não é assim tão complicado. Um verdadeiro bar de vinhos precisa de duas caracteristicas básicas:

1. O estabelecimento precisa ter uma extensa carta de vinhos oferecidos em garrafa, taça E* dose de degustação ou meia-taça (cerca de 60ml). A carta tem de variar de tempos em tempos.

2. O estabelecimento deve ter um lugar para sentar enquanto se aproveita o vinho, algo que pareça de fato um "bar" ou mesmo mesas, cadeiras ou sofás de qualquer tipo. Se o lugar é um restaurante também, ele deve ter uma área assim separada do salão de jantar tradicional.

(*Nota do Bernardo: o negrito é responsabilidade minha.)

O QUE NÃO É UM BAR DE VINHOS?

Um restaurante que por acaso tenho uma lista de vinhos em taça (não interessa o quão longa ou boa) NÃO é um bar de vinhos, não interessa o que diga a placa do lado de fora. Uma loja de vinhos que tenha uma pequena área onde às vezes (anunciadamente ou não) sejam servidos vinhos para que os clientes degustem também não se qualifica ao título. E um bar que também sirva vinhos em taça? Não.


O QUE FAZ DE UM BAR DE VINHOS UM ÓTIMO BAR DE VINHOS?


A Carta de Vinhos
A arte da carta para um Bar de Vinhos é sutil e pouco compreendida. As melhores cartas incluem vinhos de fora das seleções "batidas" - vinhos que você nunca encontraria num supermercado ou uma lojinha de vinhos de esquina. O tamanho da carta pode, às vezes, ser um "plus", embora nem sempre. Como amante do vinho, eu aprecio diversidade e opção de escolha, mas não há valor inerente em um número gigantesco de opções. Elas têm de ser BOAS. O tipo de cartas que eu gosto inclui todo tipo de vinhos de muito lugares pelo mundo e freqüentemente possui safras mais velhas para se degustar também.

A Cristaleira
Os melhores bares de vinhos têm de ter taças de cristal adequadas e em grande quantidade. Elas são lavadas direito, enxaguadas extensivamente e polidas à mão. Quando você põe o nariz em uma dessas taças, elas têm cheiro de nada, exatamente como deveriam.

A Comida
Eu gosto de uma comidinha com meu vinho. Eu não preciso, porém, que meus bares de vinho sejam restaurantes completos. Se eu quisesse uma refeição de fato com meu vinho, eu iria a um lugar onde eles possam me servir uma. Mas eu realmente penso que a maioria dos bares de vinho deveriam oferecer algum tipo de petiscos para se comer com o vinho e os melhores deles vão se preocupar em selecionar queijos que não sejam de supermercado e pães frescos artesanais.

O Serviço
Serviço pode fazer uma diferença enorme numa visita a um bar de vinhos, no mínimo porque é extremamente desapontador quando você pergunta algo sobre um vinho à pessoa que está servindo e ela não sabe responder. Os melhores bares de vinho, na minha opinião, estão equipados com pesoal com um mínimo de conhecimento sobre os vinhos que servem e que sabem como serví-lo corretamente, da escolha das taças até a decantação de uma garrafa especial."





Boa caça!


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Peripécias Palacescas de um Quase by Bernardo Silveira is licensed under a Creative Commons 2.5 Brasil License.
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